segunda-feira, 30 de junho de 2014

[RESENHA] A Terra Inteira e o Céu Infinito de Ruth Ozeki

Editora: Casa da Palavra
Publicação: 2014
Páginas: 462


Ruth é uma escritora que vive em uma remota ilha do Canadá. Certo dia, ao caminhar pela orla enquanto cata mariscos com seu marido, se depara com um saco plástico escuro e percebe que há algo em seu interior. Como quando acontecem tsunamis na Ásia, esporadicamente resquícios dos destroços aparecem por lá, ela resolve investigar o seu conteúdo. Logo ela se depara com uma lancheira da Hello Kitty vermelha, coberta de cracas. Ao abri-la, ela encontra um livro preto, de capa dura, de Marcel Proust, Em Busca do Tempo Perdido. Mas ao folheá-lo ela percebe que não se trata do livro em si, mas sim de um diário de uma garota japonesa, Nao Yasutani.

Nao é uma garota que tenta escapar de sua realidade. Sofrendo bullying na escola e com um pai suicida e alcoólatra, por ter perdido todo o seu dinheiro no Vale do Silício, onde trabalhava e morava com a família. Um dia, ela resolve ler as cartas de seu bisavô e escrever um livro sobre sua avó, uma monge budista de 104 anos que é sua inspiração de vida. Para registrar todo esse processo, ela resolve criar um diário. Ao lê-lo, Ruth ficará extremamente intrigada e viciada na narrativa. Mas o que ela não sabia é que essa viagem iria mexer com sua vida, seu relacionamento e seu modo de enxergar o mundo.

A partir de seu primeiro contato com o diário, Ruth buscará a todo custo o paradeiro de sua dona, saber se ela está morta ou viva e, se sim, onde ela mora hoje em dia. Ela ficará tão conectada com a história que lê que fará com seus amigos e seu marido também a leia, o que ocasionará problemas em seu relacionamento. Nao é uma jovem tipicamente japonesa, usando gírias e tendo o comportamento dos jovens da época. Ela sofre bastante bullying de seus colegas de escola, por ter saído do Japão com seu pai e por ter retornado à sua terra natal. Ela vive numa casa muito simples, em virtude da atual situação econômica de sua família.

Algumas passagens do livro nos fazem refletir bastante, sobre vida, morte, como aproveitamos nosso tempo e como damos valor a ele. Há muitos quotes reflexivos e tocantes. Ao longo do livro temas delicados são tratados, como suicídio, prostituição, abuso sexual, entre outros. Gostei da forma como a autora colocou e abordou eles ao longo da narrativa, principalmente naqueles que tangem o personagem de Nao. Também é abordado um pouco da história do Japão e sua cultura. Há algumas palavras escritas em japonês e muitas gírias usadas pelos jovens de lá, o que faz com que o livro tenha muitas notas de rodapé explicativas. A Segunda Guerra Mundial e suas consequências também são abordadas.

Mesmo o livro sendo bastante profundo, não me conectei a ele em nenhum momento e tive dificuldade em avançar na história. A autora foca nas descrições, usando de poucos diálogos, tornando a leitura arrastada e parada. Os capítulos são alternados, ora temos a visão do diário de Nao em primeira pessoa, ora seu reflexo no dia a dia de Ruth, em terceira. Esse tipo de narrativa tornou o livro moroso pois, na medida que líamos o que Nao narra no diário, no capítulo subsequente temos os reflexos daquela mesma história sob o ponto de vista de Ruth, em sua vida. Em alguns momentos, o livro parece dar voltas e não avançar para lugar nenhum. 

Recomendo a todos que gostem de livros no formato de diário e que gostem de se aprofundar um pouco mais na história do Japão.

7 comentários:

  1. Marcos sua resenha e deixou muito interessada nesse livro. Adoro histórias que falam sobre a cultura japonesa. Acho lindo o modo como eles amam e respeitam os ancestrais. É uma pena que a leitura desse se torne arrastada e morosa. Mesmo assim quero ler, mas sem grandes expectativas.

    Beijos!!

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  2. Olá Marcos!

    Então, a sinopse super me interessou, mas quando você ressaltou a falta de diálogos me desanimei totalmente. Detesto livros com poucos diálogos, gosto de comunicação (rsrs) que me envolva e tal. Então só vou ficar pela sinopse, pq ler acho que não vou não Hahaha. Parabéns pela resenha!

    Abraço5
    Luke.

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  3. A sinopse parece muito boa mesmo. E eu leria por ela. Esses pontos negativos que você apresentou me deixaram com a impressão de que é um livro para se ler beeeeeeeeeeeem devagar mesmo. Não gosto quando os autores exageram ou na narrativa ou nos diálogos, fico aflito kkkkk

    Abraço!

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  4. Oi, Marcos
    Achei interessante esse livro. Gosto de livtos com narrativas baseadas em diários. Também achei interessante aprender um pouco mais da cultura japonesa. Acho que o ponto negativo é a narrativa arrastada, sem muitos diálogos.

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  5. Não conhecia este livro ainda, mas achei super diferente sua forma de escrita e com certeza serial uma leitura que me agradaria bastante, e por não ter lido nada sobre o pais creio que seria ainda mais proveitoso!!

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  6. Oi, tudo bem?
    Esse livro parece ser muito bom, eu gostei muito da sua resenha, ele é diferente do que eu já li, mas pretendo colocar ele na minha lista de leitura.
    Beijos!!!

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