quarta-feira, 7 de novembro de 2018

[RESENHA] Eu perdi o rumo, de Gayle Forman


Editora: Arqueiro
Páginas: 240
Publicação: 2018

Eu perdi o rumo é o retorno da autora Gayle Forman aos livros juvenis após se aventurar num livro adulto chamado Quando eu parti, publicado pela Editora Record.

Quando eu iniciei a leitura desse livro, eu não sabia muito bem o que esperar. Minha experiência com outros livros da autora me dizia que eu poderia esperar uma história jovem com grandes chances de ter uma carga dramática bem forte. Acompanhando o ponto de vista de três personagens que até então não se conheciam pessoalmente, a autora traça um rumo para esses transeuntes perdidos em Nova York.

Freya é quem abre a história. Ela perdeu o rumo quando perdeu a voz. Mas não perdeu literalmente a voz. A voz que ela perdeu é a sua voz de cantora. Desde muito cedo, fora despertado nela o sonho de cantar. Seu pai era seu grande incentivador, porém, um dia, ele disse que ia visitar a mãe na Etiópia e nunca mais voltou para casa. Freya perdeu a voz no pior momento possível. Uma estrela em ascensão, estava gravando o disco mais recente quando aconteceu. Agora, ela busca tratamento em todos os lugares possíveis para reverter o ocorrido. Freya, porém, está fatigada. Consegue se livrar da mãe e, numa caminhada por uma ponte pelo Central Park, acaba sofrendo um pequeno acidente.

Ao mesmo tempo em que Freya está pelo Central Park, em uma mesquita próxima, Harun tenta rezar para ter esclarecimentos sobre o que fazer da própria vida. Porque ele também sente que perdeu o rumo ao se apaixonar por outro garoto - o que não poderia ser mais contrário ao que prega a religião de sua família. Ele ainda tem esperanças de se encontrar com o ex namorado. Por isso, ele envia uma mensagem ao garoto para que se encontrem no seu local de costume, no Central Park. Ao chegar lá, Harun vê, à distância, duas pessoas próximas. Nenhuma delas é quem ele gostaria de ver.

Enquanto Freya consulta o médico e Harun tenta rezar, o invisível Nathaniel emerge numa rua de Nova York. Com um desejo que não pertence somente a ele - de conhecer o mundo -, ele chega nessa cidade estranha com uma ideia em mente. Sua família foi se desfazendo aos poucos, não muito diferente de como ele se sente sobre si mesmo. Querendo colocar essa ideia em prática, ele chega ao Central Park e caminha por uma trilha serpenteante que leva à ponte em que Freya se encontra e onde Harun a observa a alguma distância. Ele não tem muito tempo para pensar em nada, porque ao passar sob a ponte Freya simplesmente despenca sobre ele.

Através dessa reunião inusitada, os três estranhos se juntam primeiro para socorrer Nathaniel e, depois, um ao outro.

Acredito que eu posso dizer que este é um dos livros, se não o livro, que eu mais gostei da autora. Achei de uma representatividade magnífica reunir três desconhecidos que não sabem qual rumo levar na vida, mas que de algo modo farão uma diferença absurda um na vida do outro. Cada personagem tem um motivo sólido para ter perdido seu caminho, não é algo absurdo ou forçado. E naquele dia em que eles se esbarram, eles começam a enxergar novas possibilidades do que pode ser.

A editora Arqueiro caprichou na capa. Com toque suave, a capa traz um emaranhado de fios que representam todos os caminhos cruzados ou até mesmo uma confusão mental de quem não sabe o que fazer a seguir. Há, ainda, coordenadas novaiorquinas ao fundo.

Eu já li vários livros de Gayle Forman. Infelizmente, não li todos. Assim como Colleen Hoover, autora da trilogia Slammed, Forman trata em seus livros sobre conflitos do adulto jovem. Esta fase gira em torna da transição do final da adolescência aos 18 anos para o começo das responsabilidades da vida adulta. Apesar de um ou outro assunto ter um ponto mais delicado, acredito que esse livro não tem nada que possa despertar um gatilho psicológico em quem o lê. Diferente do que poderia acontecer com quem lesse Um caso perdido, de Hoover, ou mesmo Eu estive aqui, da própria Forman.

Recomendo muito esse livro para quem procura uma história que traga um certo alívio, uma ponta de esperança. Um "calma, essa vida é bem mais do que você pensa e valoriza". Enfim, quero que todos leiam e amem essa história assim como eu amei.
                                                                     

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