[RESENHA] Porque eu amei de Roque Neto

Editora: Dracaena
Páginas: 240
Publicação: 2011

Porque eu amei traz a história de José Lucas (ou simplesmente Lucas), um padre que está muito próximo de virar Bispo e realizar o sonho de sua mãe, mas que acaba encontrando num chat na internet o grande amor de sua vida, o irlandês Thomas O'Doherty. Em meio a um dos maiores dilemas de sua vida (largar a batina em nome do amor ou seguir escondendo sua orientação sexual em nome da moral e dos bons costumes da Igreja Católica), Lucas ainda tem que enfrentar a saúde debilitada de seu avó, as grandes reviravoltas nas relações familiares e uma paixão adolescente repentina de um dos seus liderados num projeto social que o mesmo desenvolve. Lucas consegue passar por tudo isso com a ajuda do Dom Castelletti, seu mentor e amigo mais próximo. Mas conseguirá Lucas lidar com todas essas expectativas alheias? Poderá ele viver esse amor ou seria isso tudo uma grande ilusão em sua cabeça?

O relacionamento de Thomas e Lucas, pano de fundo principal deste livro, é bastante conturbado. Thomas é muito descompromissado com relações amorosas, chegando a ser promíscuo em alguns casos, fazendo com que Lucas lute para conseguir o desafio de viver um grande amor ao seu lado. O padre sofre bastante, tendo que esconder sua ocupação do parceiro o livro inteiro, como se estivesse escondendo-se de si próprio.

Senti que o dilema Igreja X homossexualidade foi pouco abordado, propositalmente pelo autor, uma vez que a obra está pautada no amor e no que somos capazes de fazer por ele. A confiança e o poder de nossas escolhas também é um tema pertinente na obra.

O livro é escrito com os capítulos se intercalando em ora o presente do personagem principal, ora o seu passado (adolescência e infância) até se tornar padre. Vale destacar que parte da história se passa aqui em Pernambuco, no município de Condado. É bastante interessante ver o personagem principal passando por locais próximos a mim e ver as impressões dele a respeito. Também é legal ver como as relações sociais-familiares estabelecidas nessas cidades interioranas são bastante comuns, com ideias e concepções que se repetem em várias famílias.

A leitura é bastante agradável, com o tom certo no desenrolar dos acontecimentos. O final é emocionante e nos leva a refletir sobre vários conceitos da sociedade atual, bem como se realmente vale a pena fazer tudo por amor a outra pessoa. Gostei muito do livro, chorei em várias partes (principalmente no capítulo em que descreve a festa de aniversário do Lucas, momento em que eu me lembrei das minhas festas de infância). A história flui bastante. Li-o todo de uma vez só, sem consegui parar para fazer mais nada. A maneira como o Roque escreve é muito boa, com ideias claras e um bom desenvolvimento do enredo.

Quote:

"Escrevi no papel: 'Vincit que se vincit'.
- O que isto quer dizer? - o balconista perguntou.
-O vencedor é aquele que vence a si mesmo - respondi."