Páginas: 80
Publicação: 2016
“Veleiro
Garça Azul, o lado duro da vela”, escrito por Fernando Kuhlmann é
uma publicação que mostra através de crônicas as aventuras reais
de um sonhador a bordo de um veleiro pelos mares de alguns litorais
do Brasil.
O
livro é dividido em seis partes mais o prefácio em que o autor nos
situa sobre como iniciou sua paixão pelo iatismo e seu desejo de
compartilhar suas histórias com outras pessoas. Durante as crônicas,
nos deparamos com termos incomuns ao público geral porém familiares
aos que fazem da navegação seu estilo de vida. Por isso, o autor
esclarece o leitor a respeito de alguns deles antes que passemos a
navegar nas histórias. Cada parte do livro é precedida por uma
ilustração de um veleiro nas ondas do mar. Como toda crônica,
livro é narrado em primeira pessoa.
“Na área náutica tem-se o ditado recitado constantemente – num veleiro você sempre sabe a hora de sair para o mar, mas nunca a hora dele retornar.”
O
mar sempre exerce uma atração a todos que a ele admiram. Eu, por
exemplo, gosto muito de ir à praia e ficar olhando as ondas, os
barcos lá longe quase sumindo na linha do horizonte do litoral
capixaba. Se eu tivesse sido chamado para prestar serviço militar,
eu teria virado marinheiro. Mas acredito que a gente que não vive
realmente sobre as ondas só pode imaginar e experimentar através
das experiências vividas por outras pessoas o que é de fato estar
num barco, sentindo o equilíbrio e o desequilíbrio do balanço das
ondas. As crônicas de Fernando podem ir um pouco além se as
observamos pelo prisma da ficção além do da realidade –
lembrem-se, o autor narra fatos que lhe aconteceram. Se as tomamos
como ficção, vemos que as dificuldades da navegação não são tão
diferentes daquelas encontradas no nosso dia a dia. O mar furioso, a
luta para manter o veleiro estável, tudo isso se assemelha ao que
cada um de nós faz nos dias que nos é dado. Encaramos a vida e
precisamos manter a vela no seu lugar para que os ventos soprem e nos
leve a novos lugares e que de lá possamos voltar renovadas para o
local de nosso pertencimento.
O
que encontramos no caminho é o que nos fortalece e amadurece.
“Permita-me fazer as vezes de um pesquisador. Indago, peixe é capaz de expressões faciais? E eu mesmo respondo. Aquele lá era. Ao embarcar o peixe puxando-o espelho de popa acima, confrontei-me com os olhos do animal. Li nestes o ódio mais puro que jamais vira. Foi ódio pelo seu algoz a interromper sua vida, a espetacular vida de cavala no cenário exuberante, a última emoção por ele vivida.”
A
escrita de Fernando tem uma estilística que algumas vezes, para o
leitor mais iniciante, pede a releitura das frases para se
compreender o que o autor quer dizer. Há alguns pequenos erros de
revisão e ortografia, porém isso não vai tirar a experiência
final da leitura.
Até
hoje, eu li poucos livros que tenham o mar como cenário. Na verdade,
os poucos que eu li tem o mar como parte do cenário, como um quê a
mais. “Veleiro Garça Azul” já nos apresenta o contrário do
senso comum. Tanto o mar como o veleiro são de extrema importância
para o desenrolar dessas crônicas, embora em algum momento o pisar
em terra firme também tenha sua participação como vemos nas
crônicas mais para o final quando o autor recebe uma notícia e um
pedido inusitado.
Recomendo
esse livro para quem já tem alguma familiaridade com o mundo náutico
ou queira ter uma visão sobre a vida de um navegante. O livro está
à venda na Amazon através desse link.
Neste segundo volume de sua trilogia de inspiração autobiográfica, Benedito Celso prossegue a história da família Couto, centrando a narrativa nas aventuras, fantasias e amores de Tuta, o filho caçula de Coutinho e Ordália, cuja história foi relatada em Inhaúma. A história se inicia após a mudança da família de sitiantes para a pequena cidade de Cruz das Almas, que coincide com o início da adolescência de Tuta, e estende-se até a mudança deste para a capital do estado, onde iria buscar sua realização profissional uma vez concluídas as opções de estudos na pequena cidade interiorana. No relato, vê-se o amadurecimento do protagonista, que em suas caminhadas pelas ruas da cidade, entre amigos reais e imaginários, entre fatos cotidianos e sobrenaturais, reflete sobre a vida e atravessa os anos da adolescência em busca de sua grande meta: fazer a faculdade na capital – ainda que nem sempre a vida lhe facilitasse a conclusão de seus planos pelo caminho mais curto.
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