sexta-feira, 11 de maio de 2018

[RESENHA] Veleiro Garça Azul: o lado duro da vela, de Fernando Kuhlmann


Editora: Travassos Publicações
Páginas: 80
Publicação: 2016

“Veleiro Garça Azul, o lado duro da vela”, escrito por Fernando Kuhlmann é uma publicação que mostra através de crônicas as aventuras reais de um sonhador a bordo de um veleiro pelos mares de alguns litorais do Brasil.

O livro é dividido em seis partes mais o prefácio em que o autor nos situa sobre como iniciou sua paixão pelo iatismo e seu desejo de compartilhar suas histórias com outras pessoas. Durante as crônicas, nos deparamos com termos incomuns ao público geral porém familiares aos que fazem da navegação seu estilo de vida. Por isso, o autor esclarece o leitor a respeito de alguns deles antes que passemos a navegar nas histórias. Cada parte do livro é precedida por uma ilustração de um veleiro nas ondas do mar. Como toda crônica, livro é narrado em primeira pessoa.

“Na área náutica tem-se o ditado recitado constantemente – num veleiro você sempre sabe a hora de sair para o mar, mas nunca a hora dele retornar.”


O mar sempre exerce uma atração a todos que a ele admiram. Eu, por exemplo, gosto muito de ir à praia e ficar olhando as ondas, os barcos lá longe quase sumindo na linha do horizonte do litoral capixaba. Se eu tivesse sido chamado para prestar serviço militar, eu teria virado marinheiro. Mas acredito que a gente que não vive realmente sobre as ondas só pode imaginar e experimentar através das experiências vividas por outras pessoas o que é de fato estar num barco, sentindo o equilíbrio e o desequilíbrio do balanço das ondas. As crônicas de Fernando podem ir um pouco além se as observamos pelo prisma da ficção além do da realidade – lembrem-se, o autor narra fatos que lhe aconteceram. Se as tomamos como ficção, vemos que as dificuldades da navegação não são tão diferentes daquelas encontradas no nosso dia a dia. O mar furioso, a luta para manter o veleiro estável, tudo isso se assemelha ao que cada um de nós faz nos dias que nos é dado. Encaramos a vida e precisamos manter a vela no seu lugar para que os ventos soprem e nos leve a novos lugares e que de lá possamos voltar renovadas para o local de nosso pertencimento.

O que encontramos no caminho é o que nos fortalece e amadurece.

“Permita-me fazer as vezes de um pesquisador. Indago, peixe é capaz de expressões faciais? E eu mesmo respondo. Aquele lá era. Ao embarcar o peixe puxando-o espelho de popa acima, confrontei-me com os olhos do animal. Li nestes o ódio mais puro que jamais vira. Foi ódio pelo seu algoz a interromper sua vida, a espetacular vida de cavala no cenário exuberante, a última emoção por ele vivida.”


A escrita de Fernando tem uma estilística que algumas vezes, para o leitor mais iniciante, pede a releitura das frases para se compreender o que o autor quer dizer. Há alguns pequenos erros de revisão e ortografia, porém isso não vai tirar a experiência final da leitura.

Até hoje, eu li poucos livros que tenham o mar como cenário. Na verdade, os poucos que eu li tem o mar como parte do cenário, como um quê a mais. “Veleiro Garça Azul” já nos apresenta o contrário do senso comum. Tanto o mar como o veleiro são de extrema importância para o desenrolar dessas crônicas, embora em algum momento o pisar em terra firme também tenha sua participação como vemos nas crônicas mais para o final quando o autor recebe uma notícia e um pedido inusitado.

Recomendo esse livro para quem já tem alguma familiaridade com o mundo náutico ou queira ter uma visão sobre a vida de um navegante. O livro está à venda na Amazon através desse link.

Um comentário:

  1. Neste segundo volume de sua trilogia de inspiração autobiográfica, Benedito Celso prossegue a história da família Couto, centrando a narrativa nas aventuras, fantasias e amores de Tuta, o filho caçula de Coutinho e Ordália, cuja história foi relatada em Inhaúma. A história se inicia após a mudança da família de sitiantes para a pequena cidade de Cruz das Almas, que coincide com o início da adolescência de Tuta, e estende-se até a mudança deste para a capital do estado, onde iria buscar sua realização profissional uma vez concluídas as opções de estudos na pequena cidade interiorana. No relato, vê-se o amadurecimento do protagonista, que em suas caminhadas pelas ruas da cidade, entre amigos reais e imaginários, entre fatos cotidianos e sobrenaturais, reflete sobre a vida e atravessa os anos da adolescência em busca de sua grande meta: fazer a faculdade na capital – ainda que nem sempre a vida lhe facilitasse a conclusão de seus planos pelo caminho mais curto.
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