segunda-feira, 16 de março de 2015

[RESENHA] Eu, Robô de Isaac Asimov



Editora: Aleph
Páginas: 315
Publicação: 2014

Estamos no ano de 2057. Nesse futuro, a ciência se evoluiu de tal forma humanos não são mais necessários para executar algumas tarefas do dia a dia. Para isso, máquinas humanoides, os Robôs, são criadas em larga escala e estão cada vez mais presentes na vida das famílias e na indústria em geral.

Conheceremos Susan Calvin, psicóloga especialista na mente robótica, que trabalha há mais de 70 anos na U.S. Robots and Mechanical Men, Inc. Sua fama de austera e viciada em trabalho é grande, de modo que nunca ninguém conversou com ela sobre o seu passado ou sobre o que ela realmente sabe sobre os robôs. Prestes a se aposentar, porém, Susan decide conceder uma entrevista a um jornalista que pretende escrever uma reportagem sobre sua carreira e sobre os avanços no universo robótico. É a partir de seus relatos que conheceremos ainda mais sobre esses seres, bem como sobre a sua evolução.

Eu, Robô é um livro de nove contos que tem robôs como temática principal e que são interligados entre si pelas memórias de Susan Calvin. O livro é um marco na ficção científica mundial, por, dentre outros aspectos, trazer pela primeira vez as três leis da robótica, espécie de código moral, que regem o comportamento dos robôs perante os humanos e a sociedade:
1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal. 
2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei. 
3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.
Meu conto favorito foi Robbie, o primeiro, que traz a história de um robô doméstico homônimo que enfrenta aversão por parte da família que o detém. A narrativa traz aspectos de amizade, pureza e de como não devemos subestimar ninguém. Do segundo conto em diante a trama fica mais elaborada e intrincada com as temáticas principais de humanos x robôs. Alguns personagens são recorrentes em dois ou mais contos e teremos também a participação da própria Susan em muitos dele, mostrando um pouco do passado e das motivações dessa personagem.

A crítica do autor se mostra clara em todos os contos. A exploração dos humanos em virtude da ganância e do dito bem estar coletivo, o preconceito, o uso desenfreado de recursos sem pensar no amanhã, entre outras, são temáticas recorrentes desse livro.  Os robôs são uma alegoria para expressar diversos sentimentos humanos quando expostos a determinadas situações. A revolta, a compaixão, a solidariedade, a vingança, enfim, tudo o que humanos sentem são expressos por fontes externas, como que para demonstrar o quão indiferente se é a algo que não é semelhante. Há também uma forte crítica ao senso de superioridade humana por sobre as outras coisas e seres. Isso é mostrado com veemência ao longo de todas as histórias.

A leitura desse livro é rápida e ao mesmo tempo envolvente. Foi meu primeiro contato com o autor, mesmo eu querendo ler algo dele há muito tempo. A escrita de Asimov consegue dosar bem os diálogos e as descrições. Ele cria muitos nexos causais ao longo da história que vem encontrar suas respostas adiante no texto. Isso cria uma liga incrível na narrativa. Mesmo os contos trazendo 9 histórias díspares entre si, no sentido temporal, a ligação entre elas e o desfecho final são maravilhosos. 

Essa edição traz ainda um texto do próprio Azimov falando sobre como se interessou pela temática de robôs e como escreve os seus livros. Vale destacar o excelente trabalho feito pela editora com o projeto gráfico e com a capa do livro. Finalmente Eu, Robô tem uma edição decente no Brasil.

Esse livro é mais do que recomendado a todos que gostam de ficção científica em geral. É um prato cheio.
                                                                     

Onde comprar?

Um comentário:

  1. Quando vi o lançamento deste livro, lembro que pensei que se tratava do filme, mas depois percebi que não era, e meu interesse diminuiu bem.
    Bjs, Rose

    ResponderExcluir