[ENTREVISTA] Tammy Luciano

Oi Gente!

Hoje trago para vocês a entrevista que fiz com a nossa homenageada da semana, a autora (fofíssima e queridíssima!) Tammy Luciano.

Capa & Título - Porque você resolveu ser escritora? 

Tammy Luciano - Sempre gostei muito de livros. Quando ainda criança, brinquei anos de escolinha. Nas férias, tinha uma escola funcionando na minha casa. “Trabalhava” nas férias como responsável pelos estudos dos vizinhos e amigos, e aproveitava para estudar também... RS Oficialmente, resolvi primeiro ser atriz. Me apaixonei ainda mais pela escrita através do teatro, porque enquanto atuava, escrevia peças, poemas e crônicas... Cursei Artes Cênicas na adolescência e decidi fazer faculdade de jornalismo, por achar que seria a carreira mais próxima do caminho da escrita que desejava seguir. Naturalmente, acabei descobrindo a possibilidade de ser autora de livros e em 2003 saiu meu primeiro livro, ‘Fernanda Vogel na Passarela da Vida’.

C & T - Porque escrever para jovens? O que te atrai nesse público? 

Tammy - Gosto do universo de descobertas e questionamentos dos jovens. Meu trabalho foi  direcionado para esse público. Escrevi muitas peças de teatro jovem, poesias em que os sentimentos estão aflorados e intensos, gosto de me jogar nos meus textos... Um amigo comentou outro dia: “Suas personagens nunca são casadas, não vão ter filhos?” Gosto mais de escrever sobre o período de amizades do final da adolescência, da época de universidade e na fase da busca do grande amor. Isso não foi e nem é pensado. Quando paro para começar uma história, percebo rapidamente que a personagem será uma garota jovem.

C & T - O que você acha da entrada da literatura jovem estrangeira no Brasil? Como é ter sua literatura convivendo com esses livros? 

Tammy - Acho que o jovem deve ler, independente de ser literatura nacional ou não. Claro que torço muito pela valorização da nossa, mas fico feliz ao ver essa galerinha lendo sem parar, apaixonada por séries, curtindo um autor, trocando ideias sobre um determinado livro. No Brasil, vemos tanta futilidade recebendo atenção, que, quando vejo um livro dominando o pensamento das pessoas, comemoro. Tem espaço para todo mundo. O livro internacional é muito valorizado sim, muitas vezes o leitor gasta dinheiro com um livro estrangeiro que não conhece o autor, mas não quer comprar o livro de um autor brasileiro que está sendo super elogiado. Mas não fico focando meu pensamento nisso.  Sempre tive na minha cabeça que devo trabalhar para quem gosta do que faço e para quem quer me acompanhar. As evoluções do mercado caminham para não ter essa de livro nacional ou internacional, mas sim livro bom ou ruim.

C & T -  Mila é uma garota terrível e ao mesmo tempo interessante. De onde você buscou inspiração para escrever "Sou toda errada!? 

Tammy - É curioso uma vilã me permitir tantas alegrias. Inicialmente, tive um certo receio do livro não ser aceito, mas eu precisava falar da futilidade e de garotas jovens capazes de tudo. Elas precisam aparecer, se acham as tais, cheias de arrogância, competição e raiva. Também queria um livro que fugisse do comum e tivesse um diferencial para ser notado. Por que não a mocinha ser vilã? Nas histórias, o foco centraliza na menina boa da história e a vilã poucas vezes tem chance de dizer o que pensa. Quis dar essa voz para uma vilã, detalhando os passos da história da pessoa menos legal. Escrevia chocada com as atitudes da Mila e tentei em alguns momentos deixá-la mais doce, mas suas maldades me surpreendiam e, sem sentir, me via escrevendo que ela cometera mais algum crime emocional. A personagem mente muito e confesso que alguns dias cansava acompanhar todo o seu declínio. A Mila pode ser o exemplo de uma pessoa que mergulha na própria loucura, mas ela nasceu tão por acaso: um amigo comentou sobre uma ex-namorada maluca e eu saí conversando com pessoas do meu convívio sobre términos de namoro. Muita gente sai de si quando termina um relacionamento. Eu não me identifico com a Mila, sempre fui de seguir em frente, chorava algumas vezes, mas seguia a vida e a Mila simplesmente não aceita a morte do relacionamento e faz “Tudo Errado” para continuar no controle da vida.

C & T -  "Sou toda errada" traz várias situações da vida de uma adolescente, típica idade dos seus leitores. Como você vê o retorno deles em relação ao livro? Existem muitas "Milas" por aí? 

Tammy - Eu recebo um retorno muito bacana dos leitores. Achei que apanharia por escrever sobre uma vilã tão ruim, preconceituosa e malvada, mas as pessoas receberam muito bem o livro. Foi um desafio pessoal enorme lançar um livro em que a mocinha simplesmente não presta, não é nada politicamente correta e tem tantos defeitos que a fazem ser um mau exemplo. Recebo muitas mensagens queridas. No começo, pessoas achavam que a Mila representava uma quase biografia minha, mas passado esse engano, recebo muitos recados avaliando o livro de maneira positiva. Muita gente tem dito que fui corajosa ao publicar um livro forte. Outras pessoas dizem que a Mila mexeu muito com eles. Algumas vezes leitoras dizem se reconhecer, agiram assim com o ex e conseguem avaliar sua atitude e refletir. Essa é minha maior vontade com a escrita, conseguir fazer as pessoas pensarem e - porque não? - incomodar mostrando uma garota fútil, arrogante que se acha o máximo, quando ainda tem muito que aprender com a vida. Ah, acredito que existam sim muitas Milas. Muitas cenas do livro, vi acontecer na minha frente. Momentos em que a pessoa se acha melhor, acha que pode tudo e é capaz de qualquer coisa para sair por cima.

C & T -  Qual livro você está lendo no momento e qual você indica para os leitores do Capa & Título? 

Tammy - Estou lendo Pequenas Epifanias do Caio Fernando Abreu. Lendo o livro, descobri a paixão do autor por Frida Kahlo, pintora que eu amo. Aqui na minha casa tenho quadro, livros, camiseta e muita coisa de Frida. Adoro flores no cabelo por sua causa. E amei saber que o Caio, que eu também adoro, era apaixonado por ela. É tão interessante isso, descobrir o universo do autor, seus pensamentos. Caio Fernando é sempre uma ótima leitura. Eu indicaria os livros dos meus amigos do Novas Letras - Enderson Rafael, Fernanda França, Leila Rego e Patrícia Barboza - são autores jovens, da nova geração de escritores, mas vêm de carreiras de muitos anos, são talentosos, comprometidos com a literatura e sabem o que estão fazendo. E claro, quero indicar também o Garota Replay, meu livro novo, que será lançado em março próximo pela editora Novo Conceito.

C & T - O que vc acha do #milafeelings (hashtag criada pelos blogueiros de Pernambuco e usada quando temos alguma atitude estilo Mila rsrs)?

Tammy - Ahahauaauahha... Achei uma super homenagem para o livro! Muito fofo! É realmente impressionante como a Mila, apesar de vilã, tem carisma. Hoje achei um dos cadernos que escrevi Sou Toda Errada e foi muito emocionante rever o rascunho do livro. A Mila me dava medo, mas eu queria muito muito contar essa história e hoje sei que foi a melhor escolha. O #milafeelings foi uma das respostas positivas mostrando que valeu demais o livro. Aliás, apesar de malvada, a Mila me apresentou um monte de gente querida. Agora com certeza ela está muito metida com uma hashtag em sua homenagem e deve estar pensado que  merece mesmo porque é linda, poderosa, rica, única, especial... Ai, essa Mila. Uma coisa é certa: Passei a gostar mais da Mila por causa de vocês, meus leitores amados! É o efeito #milafeelings! 

Quero mandar um beijo enorme para todos os leitores do Capa&Título. Marcos, muito obrigada pelo carinho, apoio e continue com o sorrisão que ilumina o coração da gente. Quero mandar um enorme beijo também para os meus leitores que fazem tudo acontecer na minha vida. Sejam sempre felizes. Bjinhos. Tammy